domingo, 24 de outubro de 2010

CAMPANHA CONTRA O TRÁFICO DE MULHERES








Discriminação dificulta combate ao tráfico de mulheres

Os preconceitos e a sexualidade como tema tabu fazem com que as mulheres usadas pelo mercado de tráfico de seres humanos sejam vistas como criminosas. Todo o sofrimento vivenciado por elas parece não ser suficiente para que a sociedade as reconheça como vítimas, o que é mais um dificultador no combate a esse  tipo de crime.   
O texto da Pesquisa Sobre Trafico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil  (Pestraf) resume bem a visão refletida por grande parte da sociedade: “algumas vozes justificam que o consentimento e sua inserção na prostituição não as fazem vítimas, mas, sim, co-participantes nesse processo.  Isso banaliza a situação e favorece o crescimento de um comércio lucrativo e a impunidade das organizações criminosas do sexo”. 
A advogada e professora de Relações Internacionais,  que também é mestra em União Européia e coordenadora executiva do Observatório Negro, Aurenice Nascimento Lima, comenta: “é preciso ficar claro que, mesmo que a mulher saiba que irá se prostituir, dificilmente fará idéia  de que estará sujeita ao cárcere privado, terá seu passaporte recolhido pelo aliciador, será ameaçada de morte pelos traficantes e utilizada no comércio de drogas ilícitas.”
Tomando como referência a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os direitos não podem ser vendidos e, mesmo tendo concordado com a prostituição e assinado um contrato, essas mulheres são vítimas que precisam do cuidado do Estado e da Sociedade Civil.
O combate - Aliciadores e, algumas vezes, até as vítimas, não se entenderem como tal, é só uma das dificuldades encontradas no combate ao tráfico de mulheres. Muitos outros fatores, como a invisibilidade do crime, a discriminação de prostitutas e o silêncio social, tornam ainda mais difíceis a captura dos criminosos. Tráfico de mulheres ainda é um tema tabu, semelhante à violência doméstica. A afirmação feita por muitos é: “o que  acontece no campo privado, a sociedade não deve se meter”.
A coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Violência e Exploração Sexual Comercial (Violes), da Universidade de Brasília, entidade parceira do DED, Maria Lúcia Leal, comenta que,  embora tráfico de mulheres, crianças e adolescentes “esteja politicamente agendado pelas organizações mundiais de defesa dos direitos humanos, como um crime contra a humanidade, esta questão não é vista da mesma forma pelo conjunto da sociedade”.
No Prólogo da pesquisa PESTRAF, ela acrescenta: “este tema está imbuído de visões conservadoras, principalmente por se tratar de uma violação relacionada à sexualidade e formas distintas de prostituição, assunto de âmbito privado que, culturalmente, esteve sob uma racionalidade moral-repressiva, objeto de tabu e de discriminação pela sociedade e suas instituições. Tratar publicamente esta temática requer confrontar os diferentes projetos de sexualidade e a sua relação com a violência sexual e os projetos 

Questão de direitos humanos

O tráfico de mulheres, crianças e adolescentes não é um fenômeno isolado, mas o fruto de uma sociedade com desigualdades de gênero, raça, etnia e nacionalidade. Simplesmente denunciar não vai resolver o problema, é o que dizem alguns especialistas.
A Professora  Doutora  da Universidade de Brasília e coordenadora do Grupo de Pesquisa VIOLES Maria Lúcia Leal,  comenta: “o desafio da sociedade civil, do poder público, da mídia, da academia a das agências multilaterais é o fortalecimento da correlação de forças em nível local e global, para interferir nos planos e estratégias dos blocos hegemônicos, a fim de diminuir as disparidades sociais entre países; dar visibilidade ao fenômeno para desmobilizar as redes de crime organizado; e criar instrumentos legais e formas democráticas de regular a ação do mercado global do sexo”.
Para a advogada e professora de Relações Internacionais , Aurenice Nascimento Lima, a sociedade deve denunciar casos de tráfico de  mulheres, porque é uma violação aos direitos humanos. “O tráfico de pessoas, independentemente de sexo ou motivação, é crime. Pode-se denunciar à Polícia Federal, que possui delegacias espalhadas em quase todo o Brasil. Quando isso não for possível, é necessário  recorrer à delegacia de polícia mais próxima”, explica.
“Não existe paraíso aqui nessa terra, o que existe é a enorme satisfação de nos sentirmos com o poder sobre nós, e a total responsabilidade de decidir o que é melhor ou pior para cada um de nós, reconhecer que é possível ser feliz, só depende unicamente de nós, acreditar e lutar por essa possibilidade.” - Coletivo Mulher Vida
FONTE:


 Perfil das Vítimas e dos Aliciadores


VÍTIMAS:
Ø      A grande maioria das vitimas de exploração sexual, turismo e trafico é do sexo feminino e negra;
Ø      As mulheres e adolescentes em situação de trafico são da classe popular, de baixa renda, com baixa escolaridade, habitam espaços urbanos periféricos com carência de saneamento, transporte etc., moram com algum familiar e têm filhos;
Ø      Muitas nunca trabalharam como  profissionais do sexo antes de serem traficadas, mas a maioria traz na sua história de vida experiências de violência física e psicológica como estupro, abandono, negligência, maus-tratos, abuso e exploração sexual, muitas vezes intrafamiliar.
ALICIADORES:
Ø      A maioria dos aliciadores é do sexo masculino, entre 20 e 56 anos, e brasileiro (de 161 aliciadores identificados na pesquisa, 52 eram estrangeiros, 109 brasileiros)
Ø      Os aliciadores brasileiros vêm de todas as classes sociais, alguns pertencem às elites econômicas, são proprietários ou funcionários de boates, e muitos “exercem funções públicas nas cidades de origem ou de destino do tráfico de mulheres, crianças e adolescentes”.
Ø      Existem também aliciadoras, muitas vezes vítimas de tráfico que foram forçadas ou convencidas a chamar outras mulheres.
Fontes: Pestraf e Guia de Referência para a Cobertura Jornalística, da Andi





O que acontece às vítimas de tráfico humano?



O tráfico humano é considerado escravidão moderna, onde homens, mulheres e crianças são forçadas ou fraudulentas recrutadas, transportadas e abrigou para exploração sexual ou de trabalho. As vítimas de tráfico humano são geralmente pode proporcionar sexo sob ameaça e sem consentimento.
No entanto, eles também são usados como trabalhadores ligados ao trabalho nos campos, certas indústrias como a tecelagem ea pesca, fábricas ou como empregada doméstica.
O fato é que as vítimas de tráfico de seres humanos não recebem um único centavo para o trabalho que fazem e todo o dinheiro que ganham vai directamente para os seus proprietários. Muitas vezes as meninas e mulheres jovens são coagidos a ir para o estrangeiro e trabalhar como prostitutas e à chegada eles são escravizados e tratados horrivelmente.
Então, o que acontece com as vítimas do tráfico humano? Infelizmente, a maioria das vítimas nunca se ouviu falar dele. Alguns conseguem escapar de sua captura e retornar para seus países e da aldeia, mas passar o resto de suas vidas sendo banido e humilhado. No entanto, estas vítimas escaparam ter narrado contos de horror em que seus cativos obrigou-os em sua apresentação através de meios cruéis e desumanos de intimidação, que incluem estupro, tortura, ameaças de morte, espancamentos, fome e prisão. Além disso, muitas das vítimas de tráfico humano são vendidos muitas vezes como escravos modernos, e quando isso acontece, é difícil encontrar vestígios de vítimas ou descobrir o que aconteceu com eles.
Os traficantes usam todos os meios possíveis para explorar as vítimas e uma das primeiras coisas que eles fazem é tirar seu dinheiro, identidade, passaportes e outros documentos de identificação. Isso deixa as vítimas completamente deficientes em um país que é estranho e alienígena. E então, essas vítimas simplesmente desaparecem sem deixar vestígios.

FONTE:

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